Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria. Uma das coroas
de glória da Alexandrina é sem dúvida o papel determinante que teve na
Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria. Começou a ser-lhe pedida
por Jesus em 1935, com o objectivo de honrar a Mãe de Deus e livrar a
humanidade dos muitos males que a ameaçavam, mas só veio a ser concretizada em
31 de Outubro de 1942, em plena Guerra Mundial. A seguir à Consagração o
conflito entrou numa fase claramente favorável aos Aliados. Há uma frase de
Chuchill que, indirectamente, confirma a reviravolta verificada no conflito:
"Before Alamein we never had a victory. After Alamein we never had a
defeat." – Winston Churchill. Ora os combates de Alamein estavam a
decorrer e terminariam bastante mais à frente. A Consagração ocorreu integrada
nas comemorações dos 25 anos das Aparições de Fátima e certamente por isso o
seu alcance escapou no imediato a muita gente, como o testemunha a imprensa dos
dias que se lhe seguiram. Paixão, o início do Jejum . Na imprensa: O Mensageiro
de Maria referia-se assim ao grande acontecimento, em Crónica de Roma: «A
radiomensagem foi escutada por toda a colónia portuguesa de Roma (cerca de 60
pessoas), numa sala do Vaticano, onde em seguida o Santo Padre nos deu
audiência, o que foi uma deferência, não só pelo caso em si, mas ainda por se
realizar já noite fechada, o que é contra todos os protocolos do Vaticano.
Claro está que o melhor foi a Consagração do mundo ao Imaculado Coração de
Maria, tão inesperada que quando a começamos a ouvir, nos perguntamos, se
aquilo seria a valer e oficialmente. As dúvidas foi o próprio Papa quem as
dissipou, pois a primeira coisa que fez, ao entrar na sala da audiência, foi
perguntar-nos se estávamos satisfeitos com a Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, que acabava de
ter lugar em cumprimento do pedido feito por Nossa Senhora de Fátima». Não é de Fátima…
Mensageiro de Maria, Fevereiro de 1943, transcrevendo «A Defesa» de
26-12-942.
Conversões. Cga p317, p 462,
Cooperadora salesiana. O P.e Humberto
inscreveu a Alexandrina nos Cooperadores Salesianos ainda antes de assumir a
sua direcção espiritual. Esta ligação aos Salesianos foi muito frutuosa, como
na recolha dos seus escritos (que estes dactilografaram) e assumiram-se como seus
principais divulgadores. Foi da maior importância o papel que desempenharam no
Processo Informativo Diocesano.
Co-redentora. “Ajuda-me na redenção da
humanidade” (11-10-1934). “Sou vossa vítima!” A vivência da Paixão e a dor
imensa que sofreu. Figlia 557, cga p. 185 nota,
Costa, Ana. A mãe da Alexandrina (Balasar,
21 de Janeiro de 1887 – Balasar, 24 de Janeiro de 1961) não era filha de gente
pobre, nasceu antes numa casa medianamente abastada. Por isso ela pôde conhecer
o pai das suas filhas no Gerês e mais tarde
proporcionar-lhes uma educação que nem todos podiam dar às crianças do sexo
feminino. Caso o homem a quem se entregou tivesse tido a hombridade de se
manter fiel à paixão que ela lhe dedicou, D. Ana Costa não teria sofrido a
humilhação de ser, ao longo dos anos, uma mãe solteira e por isso apontada como
menos exemplar. Quando se viu traída, deu uma volta completa à sua vida, tendo
acabado por ser admirada por todos na dedicação às filhas e à paróquia e na sua
piedade. Jesus prometeu-lhe o Céu sem passar pelo Purgatório.
Costa, Custódio José. Balasarense do
lugar de Lousadelo que empenhou os seus haveres e saber na dignificação da
Santa Cruz de Balasar, promovendo a construção da capela e a criação da
confraria. Foi um homem providencial: brasileiro solteiro e abastado, em tempo
de grande crise política e social, pugnou afoitamente pela dignificação da nova
devoção; as perturbações políticas do tempo afectaram a profundamente a classe sacerdotal.
Crise económica em Balasar. Pelos
anos 30 do séc. XX, verificou-se em Balasar uma muito falada e prolongada crise
económica de dimensão local cujas causas não estão apuradas com rigor; coincide
com as dificuldades sentidas em casa da Alexandrina. Estas hão-de ter sido
muito agravadas pelo facto de a sua mãe ter tomado parte no apedrejamento dos
protestantes e portanto ter de dar o seu contributo para reparação ordenada
pelo tribunal.
Cristo Gesù in Alexandrina. Livro
antológico organizado pelo P.e Humberto Pasquale (1973), mas com autoria
atribuída à Alexandrina. Saiu em edição não comercial. Depois da dedicatória ao
Cardeal Cerejeira e de um prefácio pelo P.e Humberto, alonga-se a parte
principal do livro, sob o título de “Conto a minha Vida”, que vai até à página
698. Segue-se depois um extenso e precioso apêndice documental,
predominantemente constituído por documentos cuja autoria não é da Alexandrina,
o qual se prolonga até à página 828. Foi certamente esta antologia que deu
força às paixões que à mística de Balasar dedicaram na Itália homens da
craveira de Óscar Luigi Scálfaro e Giorgio La Pira. Foi traduzida aos poucos
para alemão numa revista mariana salesiana. Referimo-lo aqui pela sigla Cga.
Cronologia.
1904: em 30 de Março nasce em Balasar. Em 12 Abril, Sábado
Santo, é baptizada.
1911-1912: de Janeiro de 1911 a Julho de 1912, na Póvoa a
frequentar a escola primária. Aí recebe a primeira Comunhão e o Crisma.
1918: em Sábado Santo salta duma janela para salvar a sua
pureza.
1919: falece o pároco de Balasar, que é substituído pelo
P.e Manuel de Araújo.
1922: primeira viagem ao Porto para ser examinada pelo
médico especialista Abel Pacheco, o qual avisa que ela não curará. Acama por 5
meses consecutivos.
1923: em Março morre a avó materna: primeira grande dor.
1924: em 27 de Março, segunda viagem ao Porto, onde o
especialista João de Almeida prevê a paralisia. Em Junho participa com grande
sacrifício no Congresso Eucarístico Nacional em Braga.
1925: em 14 de Abril acama para não se levantar mais.
1928: Peregrinação paroquial a Fátima: esperanças num
milagre de cura.
1928-1930: não tendo obtido a graça da cura, começa a
compreender que a sua missão é ser vítima pela salvação das almas. Começa a
pedir amor ao sofrimento. A Alexandrina, que era membro da Associação do
Sagrado Coração de Jesus, deve conhecer o Mensageiro, que fala de S. Margarida
Maria Alacoque e da reparação.
1931-1932: seu cântico de oferta aos sacrários e primeiros
fenómenos místicos. Sente que a sua missão é: "sofrer, amar,
reparar".
1932: apedrejamento dos protestantes em Balasar, em que é
envolvida D. Ana Costa. Primeiro centenário da Santa Cruz.
1933: em Julho, o P.e Leopoldino vem para pároco de
Balasar em substituição do P.e Manuel Araújo, que fora exonerado. No final do
ano, inicia a publicação do seu estudo sobre a Santa Cruz.
Entre 16 e 19 de Agosto tem o primeiro encontro com o
Jesuíta P.e Mariano Pinho, que se tornará o seu director.
Em 18 de Outubro associa-se às "Filhas de
Maria".
Em 20 de Novembro é celebrada pela primeira vez a S.
Missa no seu quartinho. Neste Novembro começa a sofrer pela perda dos bens
materiais. É hipotecada a casa.
1934: faz o "voto do mais perfeito".
Nos dias 6, 7, 8 de Setembro ouve de Jesus o repetido
convite a deixar-se crucificar, de modo concreto. Jesus faz-lhe sentir o seu
amor; a Alexandrina corresponde.
Em 14 de Outubro escreve com o sangue o seu juramento
de amor a Jesus.
Desde o fim de Agosto o demónio começa a atormentá-la
na imaginação.
1935: Em Maio começa a devoção das florzinhas a Nossa
Senhora.
Em 30 de Julho, ouve Jesus expor-lhe pela primeira vez
o seu desejo de que o mundo seja consagrado ao Coração Imaculado de Maria.
1936: em 7 de Junho, festa da Santíssima Trindade,
experimenta a primeira morte mística.
1937: No fim de Abril chega às portas da morte; durante 17
dias está sem poder ingerir nada, excepto a Hóstia consagrada.
Em 31 de Maio recebe a visita do Rev. P.e António
Durão, enviado pela Santa Sé para a questão da consagração do mundo à Nossa
Senhora.
Desde Julho, perseguições da parte do demónio, com
manifestações visíveis (atira-a abaixo da cama).
Em 23 de Outubro cessa esta forma de perseguição;
começa uma outra mais oculta, mas dolorosíssima.
1938: visita pastoral a Balasar pelo Bispo de Arena.
Em 3 de Outubro, em êxtase, revive a Paixão pela
primeira vez, desde o meio-dia às 15.
Em 24 de Outubro o P.e Pinho, a seguir ao dito
fenómeno, escreve ao Papa Pio XI para pedir a consagração do mundo.
Em 6 de Dezembro, terceira viagem ao Porto, para
radiografias (Dr. Roberto de Carvalho). Depois, estada no Colégio das
"Filhas de Maria Imaculada", com exame da parte do Dr. Pessegueiro.
Volta a casa em 11 de Dezembro.
26 de Dezembro, visitada em casa pelo Dr. Elísio de
Moura, psiquiatra.
1939: em 5 de Janeiro, primeira visita do cónego Vilar,
enviado pela Santa Sé para a questão da consagração do mundo. Aumento dos sofrimentos
físicos.
Em Novembro, uma benfeitora de Lisboa liberta a
casinha da hipoteca.
1940: em 4 de Julho oferece-se como vítima, com outras
almas-vítimas, para obter que ao menos Portugal seja poupado da guerra.
Em 5 de Setembro escreve de seu punho, com grande
sacrifício, uma carta ao Patriarca Cerejeira e uma outra a Salazar.
Em 6 de Dezembro ouve Jesus assegurar que o Papa será
fisicamente poupado da guerra.
1941: falece o Dr. Abílio
Garcia de Carvalho. Em 29 de Janeiro, o primeiro encontro com o médico Azevedo,
que se tornará o seu médico assistente até à morte.
Em 1 de Maio o Dr. Azevedo chama a consulta o Dr. Abel
Pacheco.
Em 15 de Julho, quarta viagem ao Porto; consulta com o
Dr. Araújo.
Em 29 de Agosto, o P.e José Alves Terças assiste ao
êxtase de Paixão e verbaliza-o para depois o publicar.
1942: em 7 de Janeiro, visita de despedida do P.e Pinho.
Em 27 de Março revive pela última vez a Paixão com
movimentos. Ao mesmo tempo começa o jejum total com anúria.
Em 3 de Abril, sexta-feira santa, começa uma segunda
morte mística.
Em 31 de Outubro recebe de Fátima o telegrama do P.e
Pinho com a notícia de que Pio XII fez em língua portuguesa a consagração do
mundo à Nossa Senhora. Celebrava-se o Jubileu das Aparições.
1943: de 10 de Junho a 20 de Julho está hospedada no
Hospital de «A Foz do Douro».
Em 11 de Novembro ouve Jesus confirmar-lhe que
Portugal não entrará na guerra.
No mesmo mês de Novembro escreve, com grande
sacrifício, uma carta de encorajamento ao Papa.
1944: em 16 de Junho é emanado o Parecer da Comissão nomeada
pelo arcebispo de Braga.
Em 21 de Junho, primeiro encontro com o salesiano P.e
Humberto Pasquale.
Em 25 de Junho o arcebispo emana uma Circular a
ordenar que se faça silêncio sobre «pretensos factos extraordinários».
Em 15 de Agosto inscreve-se nos Cooperadores
Salesianos.
Num êxtase de Dezembro Jesus chama-lhe «mãe dos
pecadores» e, juntamente com Nossa Senhora, fecha-lhe no coração a humanidade,
confiando-lha.
1945: com o agravamento das condições físicas, começa um
mal-estar nos olhos, que não podem suportar a luz.
Desde Agosto, durante cerca de três meses, perde
diariamente sangue.
Intensifica-se a acção do demónio, como forma de
reparação, sempre sem assaltos materiais.
1946: em 3 de Outubro é enfaixada e posta sobre duras
tábuas.
Em Novembro deve submeter-se a novos exames que a
fazem sofrer muito.
1947: de seu punho, com grande esforço, escreve uma
carta-testamento para os pecadores.
Neste ano começa a sentir a dor dos estigmas.
1948: em 14 de Julho escreve o segundo testamento
espiritual endereçado aos pecadores.
Em 23 Setembro recebe a última visita do P.e Humberto
Pasquale. S. João de Brito…
Em Dezembro começa a visitá-la o secretário do
arcebispo de Braga, P.e Sebastião Cruz.
1949: as suas condições físicas continuam a piorar: tem
muitas vezes fortes febres com dores triturantes.
Visita pastoral de D. António Bento Martins Júnior a
Balasar.
Em 1 de Outubro aparece-lhe a Virgem do Rosário com o
terço, com o qual quer que envolva o mundo.
1950-1951: em 14 de Abril de 1950 festeja as suas bodas de
prata com a cama.
Cresce o número das pessoas que a visitam.
Santa Missão.
1952: em Setembro o arcebispo de Braga emana uma nova
Circular com proibição de tais visitas, mas no fim de Novembro tal proibição é
suspensa, pelo que regressa ainda mais forte o afluxo das visitas: está em pelo
desenvolvimento a sua missão de evangelização.
1953: Este ano é surpreendentemente excepcional pela
evidência, nela, da acção divina: só de Deus lhe pode a força para suportar o
peso de multidões de visitas que, divididas em grupos, passam aos milhares
junto à sua cama.
Tem números êxtases públicos, alguns das quais estão
registados; alguns são cantados. Em 25 de Dezembro tem o último êxtase público.
1954: em Abril decorre o 12° aniversário do começo do seu
jejum total.
1955: em 7 de Janeiro ouve da Jesus anunciar-lhe que está
no seu ano.
Em 6 de Maio aparece-lhe Nossa Senhora prometendo-lhe
vir em breve levá-la para o Paraíso.
Em 13 Outubro voa ao Céu.
Crucifixão. A Alexandrina chamava
crucifixão à sua vivência da Paixão. O P.e Alves Terças deixou uma descrição
minuciosa da Paixão vivida em .
Cruz, Sebastião. O P.e Sebastião Cruz,
nascido em 1918 e falecido em 1996, teve junto da Alexandrina um lugar importante
nos seus últimos anos; foi professor catedrático da Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra e secretário do Arcebispo Primaz. Ajudou a mudar a
opinião do Arcebispo sobre a Alexandrina, depôs no Processo. obras, Ver Enc
verbo e Figlia 454 ss, cga p 623 nota; p 821. P.e Ramirez beneditino, Friburgo,
P.e Luís Filipe Cavallero (Santiago de Compostela), Dr Gregório Pereira. “O
secretário do Sr. Arcebispo, que é o Dr. Sebastião Cruz, trouxe aqui um cónego
e professor de Salamanca. Dizem que ia muito satisfeito. O Sr. Dr. Sebastião
disse-me diante dele que sempre esteve e estava ao meu lado. Parece que vem um
místico de Salamanca, para estudar o caso junto com ele e com o D. Abade de
Singeverga, que já anda a contas com os escritos” (carta ao P.e M. Pinho
3-11-53).
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